segunda-feira, 2 de julho de 2007

As Atividades Econômicas


A extração de granito das pedreiras do Lajeado foi outra atividade extrativista bastante significativa para o desenvolvimento econômico da região. Localizadas a 2km da estação ferroviária, grande parte das pedras empregadas nos calçamentos e outras obras da capital paulista, assim como os tijolos e telhas, eram transportados via ferrovia para abastecer o mercado de construção civil em São Paulo.

Desta forma, a extração mineral praticava nas pedreiras da região, juntamente com o corte de lenha e madeira que também abasteceram as primeiras indústrias do século XX, eram as principais atividades econômicas do povoado, que através da ferrovia, cooperavam para o crescimento urbano paulistano.





A Praça do Trabalhador








No extremo leste de uma das maiores cidades do Mundo, Guaianases é um bairro de trabalhadores isso evidencia-se na própria paisagem paulistana.












Segundo o Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo, mais de 50% da classe trabalhadora brasileira está na informalidade.
















Os movimentos sociais são criminalizados no Brasil....

A Expansão de Guaianases e o Surgimento dos Conjuntos Habitacionais



História de Guaianases: anos oitenta e anos noventa
Em fins da década de setenta e início da década de oitenta, Guaianases é um bairro que já tem o tamanho de uma cidade. Entretanto, como visto além de Guaianases padecer de inúmeros problemas de infra-estrutura, ainda possui um comércio insipiente e um grande déficit de moradia que não atende as novas necessidades geradas por esse impressionante crescimento populacional.
A partir dessa paisagem de grande exclusão social que vai gerar em Guaianases um grande número de ocupações de áreas livres residuais da malha urbana pelos migrantes que chegavam sem nenhuma condição financeira, erguendo suas casas em áreas sujeitas a enchentes, insalubres e de alto risco para o estabelecimento de moradias.
Outra especificidade da região de Guaianases, além da já mencionada precariedade urbana, é a grande quantidade de comércio informal presente nas principais ruas do bairro. Instalados nas estreitas e irregulares ruas da região, disputando espaço com veículos e pedestres, os “vendedores ambulantes” garantem não somente o sustento de suas famílias, mas principalmente cooperam para a diminuição do custo de reprodução da força de trabalho dos moradores, através da venda de produtos de consumo abaixo do preço de mercado acessíveis aos baixíssimos salários.
Atualmente, Guaianases apresenta uma população de aproximadamente 256.000 habitantes, dividido em dois distritos – Lajeado e Guaianases - e pertencentes à Subprefeitura de Guaianases. A área total de seu território é de 17,80 Km² (8,60 km² pertencem ao distrito de Guaianases e 9,60 Km² ao distrito de Lajeado), o que resulta numa densidade demográfica de 14.399,9 habitantes por km², com taxa de crescimento de 3,13 %

O Boom de Guaianases..........


Guaianases: O bairro que tem o tamanho de uma cidade.

Já na segunda metade dos anos de 1950, assiste-se no Brasil e, particularmente em São Paulo, a consolidação do parque industrial brasileiro. Essa intensa industrialização, que se aprofunda com o Golpe Militar de 1964, exigirá cada vez mais um número maior de trabalhadores que, advindos de outras regiões do país, tem de encontrar agora algum lugar para morar na grande capital.

Entretanto, ao chegar à cidade esses trabalhadores, impedidos de morar na região central devido à crescente especulação imobiliária e aos baixos salários que não incorporam a possibilidade de compra da casa própria (salário mínimo), são obrigados a se deslocar para bairros distantes do centro onde os terrenos ainda são acessíveis a sua possibilidade econômica. Assim, geralmente sós, com filhos ou a mulher, os trabalhadores mesmos levantam para si, nos finais de semana, feriados, ou férias, seu abrigo.

O bairro de Guaianases não estará isento desse processo, tanto é assim que já em 1963 observa-se uma intensa migração populacional para o distrito.

Nos anos 60, já sob a ditadura militar, houve a substituição da estabilidade no emprego pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Este Fundo passou, portanto, a financiar a construção dos Conjuntos Habitacionais, as COHAB’s, que tinham por fim diminuir o grande déficit de moradia da região, que havia se tornado insustentável.

Com isso, a partir da década de 70 acontece outra importante explosão demográfica impulsionada principalmente pela construção desses enormes conjuntos habitacionais populares – COHABS. Em 1975, ocorre a entrega dos primeiros apartamentos da COHAB Prestes Maia e em 1982, são entregues os apartamentos na COHAB Cidade Tiradentes, que ainda fazia parte do bairro Guaianases. Conjuntos habitacionais que foram construídos com fundo público dos próprios trabalhadores somavam um total de mais de 40.000 unidades habitacionais.

A Dinâmica das Transformações Urbanas da Megalópole Paulistana


O adensamento urbano e as transformações na paisagem

A partir de 1940, quando aumenta a influência econômica de São Paulo sobre todo o território brasileiro, inicia-se uma intensa corrente migratória em direção a capital paulista, para onde migrantes de todo o país seguiam em busca de emprego e melhores condições de vida. Chegando a São Paulo com pouca ou nenhuma condição financeira, grande parte desses migrantes, passaram a procurar essa região para construir suas moradias em regime de “autoconstrução”, erguidas em terrenos de baixo valor devido a distância do centro da cidade e da completa falta de infra-estrutura do bairro.

Desta forma, a ferrovia Central do Brasil, que era o principal eixo de ligação entre o centro da cidade e esta região, passa a ser cada vez mais utilizada pela população em constante crescimento. Por outro lado, como a expansão ferroviária não acompanhou tal crescimento, a região de Guaianases passou a apresentar graves problemas de acessibilidade, como se observa até os dias de hoje quando constantemente os trajetos ferroviários dessa linha são percorridos por vagões congestionados e superlotados.

Assim, para que Guaianases pudesse expandir para além das áreas de abrangência das linhas ferroviárias que contribuíram para o crescimento urbano, foram necessárias várias intervenções viárias que, juntamente com o surgimento de novos meios de transportes, vão opor-se a qualquer obstáculo físico do relevo dessa região. Entre as inovações dos meios de circulação que surgiram neste período, é importante destacarmos a utilização do ônibus à gasolina para o transporte coletivo, que integrado às antigas linhas de trens, ajudou a intensificar o crescimento e adensamento do bairro. Por pressão da Sociedade dos Amigos de Guaianases, foi criada a linha Expresso Santa Rita Ltda que ligava Guaianases à Santo André, onde se concentrava a maior parte das indústrias.

Apesar das transformações urbanas deste período, o bairro era formado por um pequeno número de residências e um comércio modesto restringido quase à rua da estação, mantendo ainda como principais atividades econômicas a extração de granito e produção das olarias e pequenas chácaras de legumes e frutas.

Entre os anos 1940 e 1960, Guaianases foi um dos bairros de São Paulo com o maior crescimento demográfico, quando saltou de 2.942 habitantes em 1940 para 24.689 habitantes no final da década de 60, representando um crescimento populacional de 739% em 20 anos. Em 24 de dezembro de 1948, o bairro deixou de se chamar Lajeado e recebeu o nome oficial de Guaianases, em homenagem aos antigos habitantes do local (índios Guaianás).

Até a década de 50, quando os lampiões de querosene foram substituídos com a chegada da energia elétrica na região, Guaianases nunca teve mais que poucas centenas de moradores, embora já exista organização desses moradores em associações, quando surge a Sociedade dos Amigos de Guaianases em 1952. Entretanto, após o ano de 1960, quando se intensifica a migração, o bairro passou a apresentar diversos problemas de infra-estrutura que reproduziram as condições socioeconômicas de sua formação.



A Ferrovia e o Imigrante em Guaianases


O Desenvolvimento da Cidade e a Expansão do Bairro.

As transformações da paisagem provocadas com a chegada da ferrovia foram tão grandes que assim que alcançou as mediações do antigo núcleo urbano, ocorreu uma transferência do antigo povoado em direção ao eixo ferroviário e, conseqüentemente, uma reordenação urbana com a divisão do bairro em duas partes: Lajeado Velho e Lajeado Novo.

Por apresentar um relevo menos acidentado com terraços fluviais regulares, a implantação da ferrovia que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro foi preterida nas mediações do primitivo núcleo, localizado bem distante da extensa várzea do Rio Tietê onde se concentravam importantes eixos ferroviários. Essa mudança de trajeto ferroviário partiu do fato dessa região do Rio Tietê apresentar uma grande instabilidade do solo gerada pelas periódicas inundações de suas margens, o que fez a ferrovia ser instalada mais ao Sul, entre os vales de seus afluentes.

Desta forma, por ser implantada a certa distância do antigo núcleo, surge um novo povoado próximo à ferrovia, que mesmo distante do núcleo original mantém ligações tão intensas que a estrada que comunicava ambos teriam um extenso trecho calçado com lajes e paralelepípedos de granito.

Assim, o local onde fora construída a primeira Capela, recebeu o nome de Lajedo Velho, e o núcleo vizinho da Estação Ferroviária recebeu o nome de Lajedo Novo, o qual no final do século XIX ganhou outra Capela, também dedicada a Santa Cruz. Entretanto, para que não houvesse confusão, a igreja Santa Cruz do Lajedo Velho, teve seu orago mudado para Santa Quitéria que, segundo lenda, seria o nome de uma escrava fugitiva de uma das fazendas existentes na região pertencentes aos padres Carmelitas, sendo capturada e sacrificada cruelmente.

Enquanto o núcleo original (Lajedo Velho) permanecia sem grandes transformações o então conhecido Lajeado Novo começou a apresentar um grande desenvolvimento urbano com a chegada dos primeiros imigrantes através da ferrovia, principalmente nos anos de 1876, 1891, 1900, 1906, 1912 e 1920 que, juntamente as tradicionais famílias já existentes, ajudaram a fornecer os materiais empregados na construção da cidade, em especial às indústrias e moradias dos bairros da Móoca, Brás, Belém, Bom Retiro e Pari.

Entretanto, apesar da ferrovia Central do Brasil cruzar a região desde o ano de 1875, é somente a partir de 1940 que se observou um crescimento mais acentuado, principalmente em relação à população residente, que em 1934 contava com 1.642 habitantes, passando em 1940 para 2.967 habitantes e chegando a 1950 com uma população de 10.413 habitantes, quando mais da metade vivia no aglomerado urbano.

Com isso, a região de Guaianases foi mais um dos diversos aglomerados urbanos da Zona Leste da cidade que passou a se beneficiar com a travessia da ferrovia Central do Brasil e a depender fundamentalmente desta via para acesso e circulação.

Por outro lado, quando a consolidação industrial paulistana promove o deslocamento das fábricas da região central para periferia da cidade, em busca de terrenos amplos e mais baratos servidos pelas ferrovias, a região de Guaianases não ofereceu todas as condições propícias para tal desenvolvimento. Apesar de possuir um eixo ferroviário consolidado propício ao abastecimento e escoamento da produção industrial, faltavam dois fatores essenciais para a instalação industrial, que era a presença de áreas planas extensas próximas à ferrovia e de volumosos cursos de água para abastecimento industrial.

Esta dificuldade de se instalar um parque industrial na região de Guaianases, num momento em que a indústria ainda gerava bastante emprego, proporcionou a esta área uma função urbana de caráter puramente residencial, onde a maior parte da população somente lá residem, exercendo suas atividades no centro ou em outras regiões da cidade, já nesse período conferindo a este bairro como um dos mais importantes bairros dormitórios da periferia da cidade de São Paulo.

Surgimento e Formação de Guaianases


Conhecido durante muito tempo pelo nome de Lajeado, Guaianases cuja origem remonta a comunidade indígena chamada Guaianás, é um dos bairros mais afastados do centro de São Paulo.
Localizado numa região antes conhecida como Baixada das Bananeiras, entre as cidades de São Paulo e Mogi das Cruzes, o vilarejo era composto por um casario de vendas e pequenas propriedades rurais que ficavam cerca de 4,5 léguas do centro de São Paulo e 5,5 léguas da cidade de Mogi das Cruzes.
Esse povoado, que em 1802 já é mencionado como aldeia, tinha como principal função servir de pouso de viajantes que seguiam em direção ao Vale do Paraíba através da “Estrada do Imperador”.
Entretanto, quando do início da exploração do ouro nas Minas Gerais, esta via de passagem torna-se obrigatória passando a ser amplamente palmilhada.
Surge então o denominado “Caminho dos Guaianases”, que no século XVIII fazia a ligação entre essas duas províncias através de uma viagem que levava semanas e que tinha como primeiras paradas de descanso a região do Lajeado Velho (atual Guaianases) e Mogi das Cruzes. Cessado a exploração do ouro na Minas, a mesma via continuou a ser utilizada como precária ligação entre a modesta capital paulista e a capital do país, então Rio de Janeiro.
Nas terras da família Bueno, onde hoje se situa o antigo Cemitério Lajeado, iniciou-se a edificação, a pedido do proprietário Manuel Joaquim Alves Bueno, de uma capelinha. Com o fim da construção dessa Capela é então celebrada, em 03 de maio de 1961, dia de Santa Cruz, a primeira missa pelo vigário de Arujá, Padre João Cardoso Mendes de Souza, que também promove a benção do que viria a ser conhecida como Capela de Santa Cruz do Lajedo.
Primeiras atividades extrativistas
Em fins do século XIX, a pobreza apresentada pelos diversos povoados do subúrbio de São Paulo foi enfrentada em Guaianases através da prática do extrativismo mineral e vegetal, único meio de sobrevivência devido à abundância de solo argiloso e densas florestas. Assim, os primeiros estabelecimentos fabris foram constituídos pelas olarias que forneciam tijolos e telhas para a construção de outras casas e alguns pequenos armazéns que forneciam madeira e lenha.
Logo que é inaugurada a Estrada de Ferro D. Pedro II, posteriormente conhecida como Central do Brasil, iniciada em 1814 e concluída em 1855, passando por essa região em 1875, Guaianases torna-se um local atraente para onde várias famílias de imigrantes viriam morar, aumentando as atividades extrativistas e enriquecendo as atividades agrícolas praticadas nas primeiras chácaras da região.
A extração de granito das pedreiras do Lajeado foi outra atividade extrativista bastante significativa para o desenvolvimento econômico da região. Localizadas a 2km da estação ferroviária, grande parte das pedras empregadas nos calçamentos e outras obras da capital paulista, assim como os tijolos e telhas, eram transportados via ferrovia para abastecer o mercado de construção civil em São Paulo.
Desta forma, a extração mineral praticava nas pedreiras da região, juntamente com o corte de lenha e madeira que também abasteceram as primeiras indústrias do século XX, eram as principais atividades econômicas do povoado, que através da ferrovia, cooperavam para o crescimento urbano paulistano.

A Exposição


APRESENTAÇÃO

A exposição A Praça “Bem na Foto” buscou retratar parte significativa da complexa formação história do Bairro de Guaianases e de suas praças, ou seja, por meio de uma ampla pesquisa histórica - iconográfica, documental, bibliográfica e entrevistas – procuramos reconstituir os momentos determinantes de suas transformações, acompanhando o processo histórico-social desde seu surgimento até os dias atuais.

O resultado, pois, foi uma exposição composta por textos e imagens fundidos organicamente, para que juntos - cada qual em sua especificidade - “narrassem” essa história. História “contada” não só aos ouvidos, mas também aos olhos dos adultos e idosos que dela participaram ativamente, como das crianças e adolescentes que, curiosos, descobrem um “mundo” ainda pouco conhecido.

Nesse sentido, esperamos que essa exposição toque cada observador em sua individualidade, isto é, esperamos que o antigo morador do bairro “retorne” à sua infância; que o incansável trabalhador reconheça em seu abrigo o árduo trabalho que despendeu nos dias de folga; que a criança se surpreenda ao descobrir que o local onde vive hoje fora antigamente habitado por um aldeamento indígena; que o pequeno comerciante – formal ou informal – reconheça seu trabalho na conformação do bairro e da praça; enfim, que a todos seja proporcionado um contato mais “vivo” com sua história.

Portanto, a realização dessa exposição não visa apenas descrever de forma estéril a formação histórico-cultural do bairro e das praças de Guaianases, mas busca, antes de tudo, reconhecer nesse processo histórico os indivíduos que dele participaram e participam ativamente. Indivíduos que, mesmo sob circunstâncias muitas vezes adversas, constroem diariamente a história de seu bairro, da praça – de suas vidas.

Guaianases Bem na Foto

Este trabalho foi desenvolvido por um grupo de historiadores interessados em compreender a realidade brasileira a partir da constituição das praças em Guaianases. O projeto teve por proposta a promoção de uma exposição de fotos, conjugada com palestras e mini-cursos, sobre o processo histórico-cultural da formação da praça da periferia da cidade de São Paulo, localizada no entorno do Mercado Municipal de Guaianases no distrito de Guaianases, na Zona Leste. Tal proposta visava à consecução de atividades de formação técnica cultural que seriam realizadas gratuitamente durante a execução do projeto. O Projeto "A Praça Bem na Foto" contou com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com a Biblioteca Cora Coralina e com a Escola 25 de Janeiro, para a realização desta apaixonante empreitada.