As transformações da paisagem provocadas com a chegada da ferrovia foram tão grandes que assim que alcançou as mediações do antigo núcleo urbano, ocorreu uma transferência do antigo povoado em direção ao eixo ferroviário e, conseqüentemente, uma reordenação urbana com a divisão do bairro em duas partes: Lajeado Velho e Lajeado Novo.
Por apresentar um relevo menos acidentado com terraços fluviais regulares, a implantação da ferrovia que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro foi preterida nas mediações do primitivo núcleo, localizado bem distante da extensa várzea do Rio Tietê onde se concentravam importantes eixos ferroviários. Essa mudança de trajeto ferroviário partiu do fato dessa região do Rio Tietê apresentar uma grande instabilidade do solo gerada pelas periódicas inundações de suas margens, o que fez a ferrovia ser instalada mais ao Sul, entre os vales de seus afluentes.
Desta forma, por ser implantada a certa distância do antigo núcleo, surge um novo povoado próximo à ferrovia, que mesmo distante do núcleo original mantém ligações tão intensas que a estrada que comunicava ambos teriam um extenso trecho calçado com lajes e paralelepípedos de granito.
Assim, o local onde fora construída a primeira Capela, recebeu o nome de Lajedo Velho, e o núcleo vizinho da Estação Ferroviária recebeu o nome de Lajedo Novo, o qual no final do século XIX ganhou outra Capela, também dedicada a Santa Cruz. Entretanto, para que não houvesse confusão, a igreja Santa Cruz do Lajedo Velho, teve seu orago mudado para Santa Quitéria que, segundo lenda, seria o nome de uma escrava fugitiva de uma das fazendas existentes na região pertencentes aos padres Carmelitas, sendo capturada e sacrificada cruelmente.
Enquanto o núcleo original (Lajedo Velho) permanecia sem grandes transformações o então conhecido Lajeado Novo começou a apresentar um grande desenvolvimento urbano com a chegada dos primeiros imigrantes através da ferrovia, principalmente nos anos de 1876, 1891, 1900, 1906, 1912 e 1920 que, juntamente as tradicionais famílias já existentes, ajudaram a fornecer os materiais empregados na construção da cidade, em especial às indústrias e moradias dos bairros da Móoca, Brás, Belém, Bom Retiro e Pari.
Entretanto, apesar da ferrovia Central do Brasil cruzar a região desde o ano de 1875, é somente a partir de 1940 que se observou um crescimento mais acentuado, principalmente em relação à população residente, que em 1934 contava com 1.642 habitantes, passando em 1940 para 2.967 habitantes e chegando a 1950 com uma população de 10.413 habitantes, quando mais da metade vivia no aglomerado urbano.
Com isso, a região de Guaianases foi mais um dos diversos aglomerados urbanos da Zona Leste da cidade que passou a se beneficiar com a travessia da ferrovia Central do Brasil e a depender fundamentalmente desta via para acesso e circulação.
Por outro lado, quando a consolidação industrial paulistana promove o deslocamento das fábricas da região central para periferia da cidade, em busca de terrenos amplos e mais baratos servidos pelas ferrovias, a região de Guaianases não ofereceu todas as condições propícias para tal desenvolvimento. Apesar de possuir um eixo ferroviário consolidado propício ao abastecimento e escoamento da produção industrial, faltavam dois fatores essenciais para a instalação industrial, que era a presença de áreas planas extensas próximas à ferrovia e de volumosos cursos de água para abastecimento industrial.
Esta dificuldade de se instalar um parque industrial na região de Guaianases, num momento em que a indústria ainda gerava bastante emprego, proporcionou a esta área uma função urbana de caráter puramente residencial, onde a maior parte da população somente lá residem, exercendo suas atividades no centro ou em outras regiões da cidade, já nesse período conferindo a este bairro como um dos mais importantes bairros dormitórios da periferia da cidade de São Paulo.
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